terça-feira, 12 de maio de 2015

| Iris de Guimarães |

28  de abril de 2015



À espera de um passarinho



Ele me contou que na manhã anterior, quando foi pegar na caixinha do correio da sua casa uma importante correspondência que há dias esperava, descobriu, ao abrir a pequena porta, que um passarinho havia feito um ninho entre os envelopes.

Ele contou que teve que desfazer o pequeno ninho para retirar sua importante correspondência. Mas que logo depois, com uma tristeza repentina e tão certa, se sentou no degrau da porta, com o ninho em farrapos nas mãos, sentindo um fio de remorso, que veio mais rápido que a pressa de abrir os envelopes, e esperou que o dono do ninho regressasse, para dividir com ele aquela tristeza.
E enquanto ele esperava, ansioso e dolorido, perguntava a si mesmo: aonde foi aquele passarinho que está batendo as asas no meu peito?