terça-feira, 3 de março de 2015

| Fernando Coelho |

| 17 de fevereiro de 2015 | 




O BBB E EU. Não é porque alguns amigos me pediram. É porque está entalado em minha garganta. Falar do BBB é um nojo. Bial, meu colega, disse que não vê nada demais apresentar um programa como este, o zoológico desumano particular dele. Pois eu vejo, sim, Bial. É um abuso, excelência. É uma excrescência (no sentido patológico), doutor. Claro que é você quem sabe de sua vida. Ninguém, óbvio, pode perder um empreguinho desses. Mas o poeta que é, ou foi, não deveria se prestar a isso. Não tenho nada contra gays e lésbicas. Cada um é o que é e quer. Tenho contra qualquer cretino. E idiotas de forma geral. Tenho tudo contra os oportunistas e este programa de deslavada maldade com os jovens e com a cultura do meu Brasil, que exalta a imbecilidade, a indelicadeza, a tortura física, a podridão das relações humanas. Não é justo que você chame gente desta turma de herói. Herói é minha mãe, uma velha nordestina que passou fome depois que perdeu tudo por causa da revolução e criou 10 filhos. Herói é minha sogra, uma velha nordestina que foi lavadeira e criou as suas filhas e filho (uma delas, a minha mulher). Heróis são os caras que me servem café e cerveja aqui na padaria da esquina, e que acordam 4 da matina pra trabalhar. Este programa ajuda a enterrar o que nos resta de vergonha e da tacanha cultura encruada, como mendiga, na porta do ministério equivocado do mesmo nome. O problema é moral e ético. Estético também. Sempre pensei que lugar de lixo fosse aterro sanitário. Agora se confirma (com outros programas) que a televisão também serve como vala comum para a estupidez, desumanidade e tanto deboche com nossa inconclusiva inteligência. O BBB é uma diversão (???) truculenta e letal para a civilidade.Cada país tem o terrorismo que sua gente não merece e aquele que os poderosos financiam de acordo com os seus interesses. Eu não tenho estômago para o BBB. Ideia, apresentação, participantes, patrocinadores, uma legítima e promíscua enxurrada de água de barrela. Post Scriptum – por favor, Bial, não afirme mais que aquele rapaz é poeta. Está destruindo tudo o que você mesmo escreveu até agora. E envergonhando  milhares de poetas anônimos e verdadeiros.