terça-feira, 23 de dezembro de 2014

| Maisa Antunes |

09 de dezembro de 2014




Cama de solteiro


Dormiam, com raiva do mundo e com raiva um do outro. Dormiam os dois, todas as noites, numa cama estreita de solteiro. Quanto mais perto ficavam mais se afastavam. Ali, acomodavam seus corpos no pouco espaço e se protegiam do frio que se instalava nos demais compartimentos da casa. 

Naquela cama apertavam-se sentimentos. Esbarravam-se, na mesma cama, dor e amor. Mas, o  estranho, era o conforto que sentiam quando um dos corpos invadia o estreito território do outro.

Era na madrugada, nestas aproximações, naquela pequena cama de solteiro, que a consciência dos corpos desmentia as agressões, feitas, na claridade do dia.