Cama de solteiro
Dormiam, com raiva do mundo e com
raiva um do outro. Dormiam os dois, todas as noites, numa cama estreita de
solteiro. Quanto mais perto ficavam mais se afastavam. Ali, acomodavam seus
corpos no pouco espaço e se protegiam do frio que se instalava nos demais
compartimentos da casa.
Naquela cama apertavam-se sentimentos. Esbarravam-se, na mesma cama, dor e amor. Mas, o estranho, era o conforto que sentiam quando um dos corpos invadia o estreito território do outro.
Era na madrugada, nestas aproximações, naquela pequena cama de solteiro, que a consciência dos corpos desmentia as agressões, feitas, na claridade do dia.