05 de agosto de 2014
as casas desertas de gente ensopadas de silêncio
gritam por socorro faz-lhes falta o odor húmido
dos corpos a voz dos passos arranhando o soalho
e a lembrança de que alguém as (na)morou
as casas sonolentos animais respiram a presença
debulham a pele e vertem-se nos úteros
fecundam de memórias e postigos
no bailado de abraços e pertenças
as casas epifania de deuses sem costura
falam-nos da proximidade e do hálito do chão e da fissura
tornam-nos nómadas em todos os atalhos do mundo
convocados a sedimentar o céu