22 de julho de 2014
tenho uma árvore com hélices nos olhos
uma árvore que colhe paisagens fugidias
e nos espia pela claraboia da casa
desce ao pátio acesa por um rastilho
de memórias e fogos na folhagem
tenho uma árvore estendida no chão
uma árvore envolta em búzios e sedielas
que nos segreda tempestades interiores
e navega ao largo por um fio de espuma
que abriga cardumes de peixes voadores
tenho uma árvore suspensa de pássaros
uma árvore em alvoroço na litania das horas
que estala feliz como um relâmpago
no céu e um castigo de sangue e suor:
suspeito que seja [os braços arqueados
não me permitem mais que a suspeita]
a maldita árvore do conhecimento e da vida