terça-feira, 8 de julho de 2014

| João Manuel Ribeiro |

24 de junho de 2014






és tu que desapertas o espartilho da morte
e feres de ressurreição as entranhas.
nunca sei de que túmulo me ergo
quando me apareces e trespassas os dias
apedrejando-os de paz

Sonhos Azuis

em tempos atirei pedras às aves [com a fisga].
era assim que me escondia na sua fuga.
era assim que me deitava no seu voo rasante.
era assim que me reconciliava com o vento
e decepava os pulsos aos sonhos azuis


Dúvida Metódica

todos os meus pensamentos certos nasceram
algures nos escombros férteis da dúvida


O sorriso

é uma metáfora incandescente, o sorriso,
como os versos, amotina-se no rosto
e transborda como lava, sem prejuízo
do olhar brando nas coisas tão deposto,
às vezes rende-se ao peso das amarguras,
outras espalha-se na pele como um tumor,
quase sempre irrompe de carícias maduras
e é um indício ou um carreiro vivo do amor.