terça-feira, 29 de abril de 2014

| João Manuel Ribeiro |

15 de abril de 2014









[7]
O poeta regressa à palavra,
dever de fidelidade.

[8]
O poeta escalpeliza a realidade
com ferramentas húmeis:
o coração perto da boca,
a palavra inaprendida,
o excesso de prazer,
a maldição contígua ao sentido.

[9]
O poeta ignora a razão que o conduz.
Vive de indícios, de notícias fugazes.
Se escreve com o vagar das heras
semeia na cidade flores de fogo.
Se escreve com fio do relâmpago
é a liberdade que reparte. O poema.
Onde haja quem capte a respiração
das palavras, acontece a festa,
a rebentação da ternura:
a grande Revolução.