terça-feira, 29 de abril de 2014

| Carol Bittencourt |

15 de abril de 2014







Faz um tempo que fui visitar a aldeia dos índios Kiriri, em Mirandela. Lá conheci D. Marlene, uma bela índia de cabelos negros e compridos, que sabe bem como enfeitiçar seus visitantes, pois, em menos de cinco minutos eu já estava usando um brinco de pena de gavião que, segundo ela, me traria sorte no amor.

Nos dias que passei na aldeia, D. Marlene me contou um pouco sobre sua vida, seus filhos, seus amores e disse também, cheia de orgulho, que ela, que acabara de completar cinquenta anos, nunca havia ido ao médico, que a cura para tudo estava no mato, e seguiu me receitando ervas e raízes para todo tipo de mazelas.

Dentre elas, me falou da “veloz”, uma planta infalível na cura do câncer e, enquanto eu ouvia e sentia cada palavra, pensei em minha mãe... Imaginei o que poderia ter acontecido se eu tivesse conhecido D. Marlene há uns anos atrás, se minha mãe tivesse tomado um chá de “veloz” e quem sabe “velozmente” ficasse curada...

Na verdade, o que desejei mesmo, foi que minha mãe estivesse ali, do meu lado, ouvindo as estórias contadas por aquela bela índia. Depois sentaríamos juntas debaixo de uma árvore e leríamos alguns versos de Galeano e concordaríamos sorrindo que D. Marlene se parece com Fernando Silva, que ela também cura tocando, “e contando, que é outra maneira de tocar”.