segunda-feira, 12 de maio de 2014

| Carol Bittencourt |

29 de abril de 2014






Na estante do meu quarto tem alguns livros que há muito tempo só são tocados pela poeira. Hoje resolvi abrir um destes livros e, dentro do livro, encontrei uma folha de papel reciclado com algumas anotações antigas. As anotações não eram importantes, mas o papel reciclado, que era dele, sim... Ele sempre usava esse tipo de papel e, vez ou outra, me dava alguns, repetindo com aquele sorriso no canto do rosto, que o papel reciclado era melhor e mais bonito.

Fiquei por alguns instantes tocando e olhando aquela folha, e parecia que eu estava tocando a sua pele enquanto tocava aquela folha e, em silêncio, eu ia reciclando cada lembrança de nós dois, e cada pequena lembrança, ia reciclando um pouco daquele encanto que permanecia, ali, esquecido sob a poeira... Foi então que percebi que saber amar é também saber reciclar, porque, apesar de toda poeira na estante, só deixamos de amar alguém quando já não somos capazes de reciclar o outro em nós.