segunda-feira, 17 de março de 2014

| Carol Bittencourt |

04 de Março de 2014





Já era noite quando cheguei do trabalho e encontrei meu filho acordado, esperando meu colo para que pudesse dormir. Quando me viu, ele veio correndo para os meus braços e, dentro do nosso abraço, lembrei de quando eu era ele...

Lembrei daquelas noites em que ela chegava do trabalho cansada e encontrava meu irmão e eu esperando ansiosos por sua chegada. Depois dos beijos e abraços, ela fingia uma bronca e nos colocava na cama; deitava conosco e, às vezes, acariciando nosso cabelo, cantava bem baixinho:

Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora

E conta logo tua mágoa toda para mim

Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora

Que não vai embora, porque gosta de mim

Eu nunca contava nada e, ela, entendendo o silêncio das minhas mágoas de menina, beijava meus olhos e me fazia dormir... Hoje, quando minhas cicatrizes teimam em doer e não consigo dormir, fecho os olhos, faço de conta que meu travesseiro é o ombro dela, encosto a cabeça bem devagar, choro e lhe conto tudo, tudo...